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terça-feira, 31 de outubro de 2017

Fórum das Artes da Bahia se une contra censura de manifestações artístico/culturais


Foto: Fórum das Artes

Na última segunda-feira, dia trinta de outubro o Fórum da Artes da Bahia deu continuidade ao Ciclo de Debates e se encontrou com representantes do Legislativo na Assembléia Legislativa da Bahia - ALBA no Centro Administrativo da Bahia - CAB, em Salvador. Nesta oportunidade foram tensionadas as pautas da Cultura na Casa e a Reforma e Fiscalização da Lei do FCBA (aguardem o áudio na íntegra). No entanto, diante da urgência de nos manifestarmos também sobre os últimos acontecimentos, o Fórum expressou seu repúdio contra a censura de manifestações artístico/culturais através de uma carta aberta lida aos presentes. Confira abaixo!
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Salvador, 30 de outubro de 2017.

Vergonhosamente, Salvador entrou no rol das cidades contaminadas pelo nefasto e retrógrado cerceamento da liberdade de expressão.

Na última sexta-feira, 27/10/2017, o espetáculo teatral “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, parte da programação do 10° Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia, que aconteceria no Espaço Cultural da Barroquinha, sofreu CENSURA na nossa capital. Uma ação judicial foi movida em causa própria, contra a Fundação Gregório de Matos, para que a exibição fosse suspensa.
A petição inicial dos advogados diz sobre o espetáculo: "Na realidade, não passa de um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana e que deve ser veementemente combatido". Em outro trecho: "é de se notar que a peça teatral caso seja exposta ao público, causará grande problema social, pois, situações análogas fizeram o país entrar em guerra."

Certamente, a peça em questão sequer foi vista pelos censores. Se assim fosse, usariam argumentos plausíveis já que o que se vê em cena, de fato, são ensinamentos de amor, empatia e respeito, que propõem uma nova perspectiva sobre a fé e os excluídos. Em momento algum do espetáculo há ameaça a qualquer culto ou religião.

A decisão “liminar” foi deferida, com o fundamento de “ao que parece (isso mesmo, ao que parece, não houve convicção por parte do Juiz)... ao que parece a parte acionada desrespeitou o princípio constitucional no art. 5.º, inciso VI, da Constituição Federal ao qual dispõe que é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religioso se garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias”.

Como agravante, o Excelentíssimo Juiz Paulo Albiani Alves optou pela parcialidade, já que a mesma constituição, no mesmo artigo 5, no inciso IX, diz que a “livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença” deve ser garantida.
Não tem sido garantida. Junto com a ascensão de lideranças políticas ultra conservadoras, estamos sentindo os impactos do cerceamento da liberdade de expressão, do retorno da censura e da arbitrariedade. A escola sem partido é a censura ao desenvolvimento crítico na escola. E a criminalização das artes, na mesma lógica de aniquilação das diferenças, é a institucionalização do fim da liberdade de expressão.

A prisão do artista curitibano Maicon K, em Brasília; o cancelamento da exposição Queermuseum, em Porto Alegre e veto de sua exibição em outras capitais, pelos prefeitos; a criminalização da performance "la Bête", de Wagner Schuartz; a prisão do artista Igor Cavalcanti Medina, em Caxias do Sul; a proibição do espetáculo "O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu", em Salvador, dentre outros desmandos menos difundidos, começam a ser naturalizados.

Não podemos compactuar com isto. Exigimos o posicionamento da casa do povo pela defesa do direito constitucional da livre expressão. A classe artística não vai se calar.
Censura nunca mais!


Fórum das Artes da Bahia